Habituei-me a chorar com a mesma naturalidade com que me rio.
O choro lava a alma, pendura-a cá fora, desfraldada e meia abandonada,
para depois, quando já enxuta, lhe cheirar o ar fresco que emana
e então guardá-la de novo no peito.
São as lágrimas a sair e as lembranças a entrar.
Enquanto a felicidade é um presente, não há necessidade de recordar. Porque se tem, porque se vai ter de novo, porque mesmo que não se volte a ter já a tivemos. Uma das coisas que mais me apaixona é viver. Porque enquanto vivemos, há sempre mais um dia, mais uma praia, mais um sorriso, mais uma tentativa. Estamos sempre a tempo de tentar outra vez. Tentar o azul, o amor, o toque, as palavras certas, o frémito do desejo. Adormecemos sabendo que no dia seguinte há mais horas, mais vontades e sonhos. Deixamos os balões mágicos onde resguardamos tudo aquilo que amamos voar, voar para bem longe...
Um beijo
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